MEC aprova novas Diretrizes Curriculares para Medicina; veja o que muda

As novas Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) do curso de Medicina foram homologadas nesta segunda-feira (29) pelos ministros Camilo Santana (Educação) e Alexandre Padilha (Saúde). O documento, elaborado a partir de ampla consulta pública, reforça a integração com o Sistema Único de Saúde (SUS) e traz inovações alinhadas aos desafios contemporâneos.


Como foi a revisão das DCNs

  • As diretrizes anteriores estavam em vigor desde 2014.
  • A revisão começou em 2023, após a chamada pública para autorização de novos cursos dentro do Programa Mais Médicos.
  • A construção contou com universidades, entidades médicas, gestores de saúde e sociedade civil.

Segundo Santana, a atualização “garante a qualidade da formação em medicina”. Padilha destacou que o documento “alinha a educação médica às necessidades sociais e ao fortalecimento do SUS”.


Oito principais mudanças

  1. Atualização tecnológica e ambiental
    • Inclusão de temas como inteligência artificial, análise de dados em larga escala, redes neurais, plataformas digitais, segurança da informação.
    • Reconhecimento da influência das mudanças climáticas na saúde.
  2. Ênfase humanística e social
    • Atenção ampliada a populações vulneráveis: indígenas, quilombolas, LGBTQIAPN+, migrantes.
    • Compromisso com justiça social e equidade.
  3. Formação baseada em competências ampliadas
    • Técnicas, éticas, políticas, culturais, sociais e ambientais.
    • Prática constante nos serviços de saúde.
  4. Saúde mental e autocuidado
    • Estrutura curricular passa a prever pausas para autocuidado, extensão, congressos e atividades para estudantes e docentes.
  5. Internato com novas regras
    • Carga horária redistribuída, com foco em medicina de família e comunidade.
    • Inclusão obrigatória de saúde mental, terapia intensiva e ortopedia.
  6. Políticas institucionais obrigatórias
    • Universidades deverão manter programas de inclusão, pertencimento e saúde mental.
    • Avaliação obrigatória antes do internato.
  7. Integração estruturada ao SUS
    • Desde o início do curso, com progressão gradual de complexidade.
  8. Integração com residência e pós-graduação
    • Estímulo à articulação com programas de residência médica e cursos de pós.

Críticas do CFM

O Conselho Federal de Medicina (CFM) afirmou em nota que as diretrizes são “genéricas” e poderiam ser aplicadas a outras profissões da saúde, sem reconhecer competências exclusivas da medicina. A entidade voltou a defender a criação de um Exame Nacional de Proficiência, obrigatório para registro profissional.


Avaliação da qualidade dos cursos

Além das novas DCNs, o MEC anunciou que cursos mal avaliados no Exame Nacional de Avaliação da Formação Médica (Enamed) – aplicado pela primeira vez em 19 de outubro de 2025 – poderão sofrer punições a partir de 2026:

  • Proibição de aumento de vagas;
  • Suspensão de novos contratos do Fies;
  • Suspensão da participação no ProUni;
  • Exclusão de outros programas federais de acesso ao ensino superior;
  • Redução de vagas (nota 2 no Enamed);
  • Suspensão de ingresso de novos alunos (nota 1 no Enamed).

O que muda para os futuros médicos

👉 Mais integração com o SUS
👉 Formação com foco em tecnologia, sustentabilidade e saúde mental
👉 Internato mais diversificado e com novas áreas obrigatórias
👉 Universidades terão que garantir programas de inclusão e bem-estar

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