Alunos de Medicina da Estácio em Juazeiro (BA) voltaram a soltar o famoso: “não tá dando mais, chefia”. O motivo? Internato que mais parece reality show de sobrevivência, com provas práticas esquisitas, sobrecarga absurda e um ambiente que, em vez de formar médicos, tá empurrando estudante pro psicólogo (quando não pro hospital).
Bonecos ao invés de pacientes: sério isso?
Os estudantes estão indignados com as provas práticas. Enquanto passam o dia atendendo gente de carne e osso, na hora da avaliação… tcham tcham tcham… bonecos!
E o melhor (só que não): sem treinamento prévio pra esse formato. Resultado? Avaliações que não refletem em nada a prática clínica real. Ou seja, a galera passa meses ralando no hospital pra no final ser julgada como se estivesse num laboratório de brinquedo. Parabéns aos envolvidos.
“Mas é exigência da Estácio Nacional”
Ah, a velha desculpa padrão: jogar a culpa na matriz. Só que não cola. Em unidades da Estácio em Alagoinhas, no RJ e no Paraná, isso não acontece. Ou seja: incoerência nível hard. Aqui, em Juazeiro, o pacote vem completo: incoerência + falta de respeito.
Avaliação “objetiva” (só que não)
Os alunos ainda denunciam que as provas práticas são tudo, menos objetivas. Depende do humor do avaliador, se ele tomou café ou brigou com alguém em casa. Pressão absurda, tempo cronometrado e observação direta que mais parece Big Brother médico — tudo isso gera um estresse que não mede conhecimento nenhum, só a capacidade do aluno de não desmaiar no meio do exame.
Internato ou teste de resistência física?
Além da carga assistencial gigante, ainda sobra “tempo livre” (só que não) pra sessões clínicas obrigatórias e eventos acadêmicos que mais atrapalham do que ajudam. E, como se não bastasse, alguns preceptores transformam a sala em palco de humilhação pública, tratando aluno como saco de pancada em vez de futuro médico. Resultado: exaustão física e mental virando rotina.
Saúde mental no limite
O desabafo é pesado: “Estamos chegando ao limite. O internato deveria ser aprendizado, mas está nos adoecendo.”
E não é a primeira vez que esse alerta vem à tona. Em junho, a morte de uma estudante do último ano escancarou um problema ainda maior: ambiente hostil, pressão constante, silêncio institucional e uma cultura acadêmica que naturaliza o sofrimento dos alunos. É basicamente um “se vira aí, porque acolhimento e suporte psicológico não moram aqui”.
Quando o “normal” é o absurdo
Chorar escondido no banheiro, ter medo de pedir ajuda, engolir humilhação e fingir que tá tudo bem… Os estudantes denunciam que isso virou rotina. E jogam a real: não dá pra tratar exaustão e colapso psíquico como se fossem parte obrigatória da formação médica. Uma vida já foi perdida. Quantas mais precisam ser pra que a instituição acorde?
O recado final
Os estudantes não estão mais pedindo: estão exigindo mudanças. Querem revisão do modelo de avaliação, canais de escuta de verdade e, principalmente, que a formação médica volte a ser sobre aprender a cuidar das pessoas — e não sobre sobreviver a um sistema adoecedor.
Enquanto nada muda, as denúncias vão continuar. Porque, como eles mesmos disseram: não dá mais pra naturalizar o que é violência.