Fies sem teto, sonhos sem diploma: estudantes de Medicina vivem drama entre boletos, marmitas e dívidas de R$ 700 mil


Estudantes de Medicina vivem drama: boletos crescem, Fies encolhe e o diploma vira item de luxo

O que era pra ser o caminho até o jaleco branco virou um verdadeiro surto coletivo com boleto no fim. Centenas de estudantes de Medicina em todo o Brasil estão à beira de trancar os cursos – ou abandoná-los de vez – por causa do rombo financeiro deixado pelo Fies. O programa, que antes representava acesso ao ensino superior, virou motivo de pânico, dívidas milionárias e evasão em massa. Spoiler: tem gente vendendo até os móveis de casa pra não perder a vaga.

“O que era um sonho se tornou pesadelo”, resume Valdenice Ayane, de 32 anos, estudante pernambucana, mãe solo, filha de agricultores e uma entre os muitos jovens que apostaram no Fundo de Financiamento Estudantil e agora lutam pra não naufragar em dívidas que chegam a R$ 720 mil.


Coparticipação: o termo bonito que virou sinônimo de sufoco

A promessa era simples: o Fies pagaria boa parte da faculdade, e o aluno devolveria o valor só depois da formatura. Mas tinha um detalhe quase em letra miúda: a tal da coparticipação — ou seja, a parte da mensalidade que fica por conta do estudante. E essa parte só faz crescer, sem dó.

Eduarda Cristina, de 22 anos, por exemplo, viu sua coparticipação pular de R$ 1.500 em 2024 pra R$ 2.300 em 2025. Detalhe: ela ainda estuda em período integral e trabalhava depois das aulas pra bancar os custos. Até perder o emprego. Agora, o risco de trancar o curso bate na porta.


Ana Carolina: trancou o curso e ficou com R$ 120 mil de dívida

A situação é tão crítica que alguns já nem conseguem acompanhar o jogo. A baiana Ana Carolina Ferreira, de 23 anos, precisou trancar Medicina depois que a coparticipação quase dobrou. Morando com a avó, que recebe um salário mínimo, ela segurou as contas por um ano — até não dar mais. Resultado: já acumula R$ 120 mil em dívidas, sem diploma nem previsão de voltar.


Números que assustam mais que prova de anatomia

Segundo o FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação), o número de estudantes de Medicina financiados pelo Fies que abandonam o curso chega a 80%. Sim, OITENTA. Isso não é evasão, é debandada.

E a inadimplência geral do programa já bate 60%, com uma dívida total que beira os R$ 116 bilhões. Alunos trancam os cursos, não conseguem pagar e o Fies se afunda junto. A roda gira, mas só pra trás.


Movimento “Fies Sem Teto”: 9 mil estudantes imploram por reajuste

Diante do caos, nasceu o movimento “Fies Sem Teto”, com quase 9 mil estudantes de Medicina pedindo que o governo aumente o teto máximo de financiamento — que atualmente é de R$ 60 mil por semestre (mas tem faculdade cobrando bem mais que isso). Também querem que quem tem boletos atrasados possa continuar no curso.

Durante audiência pública na Câmara dos Deputados, o estudante João Victor da Silva, presidente do movimento, desabafou:
🗣️ “O presidente Lula, lá no Complexo do Alemão, falou que o filho do pobre poderia voltar a estudar. Mas como, se estamos tendo que vender marmita pra pagar a mensalidade?”

Ele mesmo já teve que trancar o curso por seis meses, voltou, e agora está de novo sem conseguir pagar a coparticipação de R$ 2.055 mensais. Estuda na Bahia, vende comida pra sobreviver, e conta com a ajuda da mãe e da avó pra não ser expulso da faculdade.


MEC diz que está “avaliando” o problema

Em nota, o Ministério da Educação disse que o teto de R$ 60 mil por semestre foi definido para evitar o “superendividamento” dos estudantes e garantir a sustentabilidade do fundo. Mas reconheceu que o CG-Fies está, sim, avaliando uma possível revisão desse teto — o que ainda é promessa, não ação.

Enquanto isso, tem quase 80 mil contratos de Medicina ativos com o Fies. E milhares desses alunos estão literalmente se desdobrando pra não largar o jaleco no meio do caminho.


O retrato do caos: vender os móveis pra continuar estudando

“Já vendi todos os móveis que eu tinha e não sei mais o que fazer”, confessa Valdenice. “Só quero me formar pra ajudar minha família e minha comunidade. Mas parece que ser pobre e querer ser médico virou crime.”


Resumo que cabe num print:

📉 Coparticipações sobem a cada semestre e beiram valores impagáveis.
📚 Evasão de estudantes de Medicina com Fies já chega a 80%.
💸 Dívidas dos alunos ultrapassam R$ 700 mil por pessoa.
📢 Movimento “Fies Sem Teto” pede revisão urgente do limite de financiamento.
🏛️ MEC estuda rever teto, mas nenhuma decisão foi tomada até agora.
💔 Alunos largando o curso por falta de condições, vendendo marmitas e bens pessoais pra continuar estudando.


Moral da história?
O problema não é o pobre querer estudar. O problema é um sistema que entrega o sonho em 12 vezes no cartão, sem limite, com juros de frustração embutidos.

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