“FIES perdeu o hype”: até o CEO da Cogna admitiu que o programa já não é mais o mesmo

Lembra quando o FIES era o passe de entrada pra muita gente na faculdade? Pois é, parece que o brilho apagou. Segundo Roberto Valério, CEO da Cogna (um dos maiores grupos educacionais do Brasil), o programa “perdeu muita força” e hoje virou um coadjuvante no ensino superior privado.

Em entrevista ao Dinheiro Entrevista, Valério soltou o verbo: mesmo com o tal do FIES Social, lançado pelo Governo Federal em 2024 com toda aquela promessa de inclusão, a coisa simplesmente não decolou.

“O FIES foi muito importante lá por 2013, quando uma boa parte dos nossos alunos presenciais usava esse financiamento. Mas hoje é um programa muito pequeno. Temos 1,2 milhão de alunos na graduação e, desses, menos de 5 mil têm o FIES”, contou o CEO.

Sim, você leu certo: menos de 5 mil. E, segundo ele, boa parte dessa galera está no curso de Medicina — afinal, não é todo mundo que tem como bancar um curso com mensalidade de carro popular, né?

Valério ainda completou dizendo que, como ferramenta de inclusão, o programa praticamente virou peça de museu. Teoricamente, há 200 vagas anuais, mas o governo nem consegue preencher tudo. “As condições agora são muito restritivas”, explicou.

🏛️ O auge e a queda do FIES

Entre 2010 e 2015, o FIES foi tipo o boom do ensino superior privado. Um levantamento do IPEA em 2014 mostrou que havia 1,9 milhão de contratos ativos, enquanto o total de matrículas presenciais nas universidades privadas era de 4,6 milhões.
Ou seja: 41% dos alunos estavam bancando o diploma com ajuda do governo.

De 2009 a 2015, o número de matrículas com FIES subiu de 5% pra 39%. E o gasto público acompanhou o ritmo: entre 2010 e 2014, o custo do programa explodiu 13 vezes, passando de R$ 1,1 bilhão pra R$ 13,4 bilhões (sim, com “B” de bilhão).

Mas aí veio o corte, a revisão de regras e… adeus glamour.

💬 E o tal do FIES Social, funciona?

O FIES Social, lançado em fevereiro de 2024 pelo MEC, promete financiar até 100% da graduação pra quem tem renda familiar per capita de meio salário mínimo e está inscrito no CadÚnico (aquele mesmo do Bolsa Família).

Além disso, o programa abriu espaço pra pretos, pardos, indígenas, quilombolas e PCDs, reservando vagas específicas — ponto positivo.
Na estreia, pro segundo semestre de 2025, foram ofertadas 74.500 vagas em 18.419 cursos/turnos, distribuídos em 1.215 instituições particulares.

Mas, segundo Valério, mesmo com essas novidades, o programa segue sem engrenar.

📚 Regras do jogo (pra quem ainda tá de olho)

Pra participar do FIES, você precisa:

  • Ter média no ENEM ≥ 450 pontos;
  • Nota da redação maior que zero (óbvio, né?);
  • Renda familiar de até 3 salários mínimos por pessoa;
  • E não pode ter feito o ENEM como treineiro.

Ah, e o melhor: o financiamento é sem juros e dispensa fiador se a renda da família for de até 1,5 salário mínimo por cabeça. Você estuda agora e paga depois — o problema é conseguir entrar.


💬 Resumo da novela: o FIES, que um dia foi o queridinho do ensino superior, hoje tá mais pra figurante com texto cortado. E, segundo o CEO da Cogna, o roteiro do “FIES Social” ainda não convenceu o público.

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