Tem gente que estuda anos pra passar em concurso. E tem gente que… paga R$ 500 mil e recebe o gabarito no WhatsApp uma hora antes da prova. Pois é. A Polícia Federal descobriu uma organização criminosa familiar — isso mesmo, uma empresa de nepotismo e fraude — que vendia aprovações em concursos públicos, com direito a pontos eletrônicos, dublês e Pix pra “chefes de vigilância”.
Spoiler: o patriarca da família era um ex-policial expulso da PM. E sim, o cara também “passou” num concurso de R$ 22 mil por mês — só pra mostrar pros clientes que o golpe funcionava.
O esquema: o “Concurso Premium” de Patos (PB)
De acordo com a PF, o grupo conseguia os gabaritos antes da prova e repassava tudo pros “clientes” com instruções detalhadas. Teve até mensagem de pai pra filha ensinando o passo a passo:
“Leva o celular. Depois que passar as respostas, você já sabe: entrando, desliga o celular. E à tarde me aguarda que eu passo o resto.”
Sim, a menina seguiu o tutorial direitinho — e passou pra auditor fiscal do trabalho, um cargo superconcorrido. O plano era usá-la como “case de sucesso” pra atrair novos compradores. Puro marketing multinível do crime.
O currículo da quadrilha
O grupo era liderado por um ex-PM paraibano, expulso em 2021, com um portfólio impressionante: roubo majorado, peculato, uso de documento falso e abuso de autoridade. O cara passou no mesmo concurso que vendia, mas nem se deu ao trabalho de ir ao curso de formação. A PF resumiu bem:
“Ele só fez a prova pra mostrar que o esquema funcionava.”
A quadrilha era formada por dois irmãos, uma sobrinha e o ex-policial — todos de Patos (PB). O toque final? Os três passaram no mesmo concurso com gabaritos idênticos, incluindo os erros. O tipo de coincidência que até o ChatGPT acharia suspeita.
Pix, ouro e até tratamento odontológico
O pagamento das fraudes era flexível — tipo um parcelamento informal do crime. Aceitava-se dinheiro, ouro, motos ou tratamento dentário. Um dos comparsas, inclusive, era dono de uma clínica odontológica, usada pra lavar o dinheiro sujo com clareamento e lente de contato dental.
Num áudio interceptado, o irmão do líder explica o preço do “serviço completo”:
“Tem que corromper vigilante, chefe do vigilante, desligar as câmeras… vai ser um negócio de doido. Então, o custo é 500 mil.”
Ah, e o “boneco” que ele menciona? É o nome carinhoso pro dublê que fazia a prova no lugar do cliente. Sim, eles tinham “atores” especializados nisso.
A estrutura da “empresa”
A PF descreve o grupo como uma estrutura hierarquizada, unida por laços de sangue e confiança mútua (ou seja, o tipo de reunião de família que termina com todo mundo preso).
Cada um tinha uma função:
- O ex-PM era o CEO e relações públicas do golpe.
- Um irmão fazia a captação de clientes e lavagem de dinheiro.
- O outro era o operador técnico, passando gabaritos pra sobrinha e afins.
Pra completar, havia um policial militar do RN e um veterano das fraudes, com um histórico de golpes desde 2017 — o cara que “obtinha” as respostas direto da fonte.
Tentativa de apagar os rastros (mal feita, diga-se)
Quando a PF chegou com o mandado, o líder apagou os apps de mensagem e se recusou a entregar a senha do celular. Deu certo? Claro que não.
Os peritos recuperaram um áudio em que ele diz pro filho:
“A nossa comissão vai ser no CNU, vou batalhar pra nós ver se consegue na ‘poiva’ (dinheiro).”
Tradução: o cara planejava ganhar comissão em cima do próximo concurso fraudado. Um verdadeiro empreendedor do caos.
Prisões e investigações
O ex-PM foi preso em 2 de outubro, e o Ministério da Gestão confirmou estar colaborando com a PF e o Judiciário. A investigação continua, e a moral da história é simples:
quem achava que “cola” era passar o conteúdo pra mão, nunca viu o nível premium da Máfia dos Concursos.
💬 Resumo debochado:
Tem gente que sua pra decorar a Constituição; outros só precisam de um “boneco”, um Pix e um gabarito mágico. No Brasil, até a trapaça tem plano de carreira.