Simulação ou fiasco? Quando a “atividade pedagógica” vira racismo explícito

Ah, a criatividade acadêmica… Sempre nos surpreendendo. Dessa vez, alunos do 3º ano de Direito da Faculdade de São Bernardo do Campo acharam que seria uma ótima ideia colocar um cartaz escrito “Entrada permitida somente para brancos” na porta da sala de aula. Tudo isso sob a desculpa de recriar a segregação racial para um trabalho escolar. Resultado? Repercussão negativa, denúncias de racismo e um boletim de ocorrência. Parabéns, galera! 👏

O contexto da bagunça

Tudo começou com uma aula de Sociologia e Antropologia, ministrada por um professor branco (claro). A atividade era inspirada no filme Histórias Cruzadas, que retrata a segregação racial nos EUA dos anos 1960. Os alunos foram orientados a fazer uma análise crítica, e, segundo a faculdade, a ideia era combater o racismo. Mas, na prática, parece que faltou o “criticar” e sobrou o “reproduzir”. Porque, né? Nada grita mais “consciência social” do que afixar uma placa racista em pleno 2024.

Ah, detalhe: a frase “isso é parte de um trabalho acadêmico” estava no rodapé, mas não apareceu na foto. Que azar.

A reação: denúncia e polêmica

A foto foi parar em grupos de WhatsApp, como tudo hoje em dia, e um aluno (que não quis ser identificado, porque não tá fácil ser minoria ali) fez o que muitos fariam: denunciou. O advogado Juliano Amaral, ex-aluno da faculdade, registrou um BO por racismo. Em reunião com o corpo docente, os envolvidos alegaram que tudo foi feito no “contexto acadêmico”. Convenceu? Nem um pouco.

Enquanto isso, outros alunos apontaram que casos de racismo na instituição não são novidade. E vamos combinar, a resposta padrão da faculdade foi tão convincente quanto um “copiei na prova, mas foi sem querer”. Eles citaram palestras, coletivos de diversidade e uma caixa de denúncias anônimas. Epa! Aí sim, o antirracismo tá salvo. Só que não.

Sobre o filme e as críticas

O trabalho envolvia analisar Histórias Cruzadas, aquele filme com a famosa trama “white savior”, onde um personagem branco é a grande esperança dos personagens negros. Inclusive, a própria Viola Davis (que estrelou o filme) já disse que se arrependeu de ter participado, porque a história foca mais nos brancos do que nas reais lutas dos negros. Parece familiar? Pois é.

O racismo estrutural e as instituições

Frei Davi Santos, diretor da Educafro Brasil, foi direto ao ponto: “Isso é o racismo estrutural dando seus últimos suspiros”. Ele também criticou a falta de aplicação da Lei 10.639, que obriga o ensino da história afro-brasileira nas escolas. E adivinhem? Apenas 15% das instituições seguem essa lei. Surpresa? Nem tanto.

Quando a desculpa não cola

Essa não é a primeira vez que a faculdade pisa feio. Em 2018, frases racistas e homofóbicas apareceram pichadas em um banheiro feminino. Na época, rolou sindicância, mas a impressão que fica é que o problema é tratado como um daqueles trabalhos atrasados que a gente só faz porque o prazo tá acabando.

Reflexão ou repetição?

No fim, o caso levanta a velha questão: até onde uma “atividade pedagógica” pode ir sem virar um desserviço? Porque recriar racismo e segregação para debater sobre o tema parece tão produtivo quanto acender uma fogueira pra explicar como evitar incêndios.

Se a intenção era promover reflexão, talvez valha a pena começar ouvindo os poucos alunos negros que ainda resistem nesses espaços. Só uma dica. 😉

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